domingo, 26 de novembro de 2006

A gente se vê por aqui

Foto: Gustavo D'Avila

Partimos de Bauru, interior de São Paulo. Para enfrentar a longa viagem que começava, nada melhor do que assistir um desenho animado. O escolhido foi "Os Simpsons".

Depois de viajar sete horas, boa parte delas perdidas em congestionamentos e pedágios, finalmente chegávamos na capital paulista. O objetivo: conhecer a sede da TV Globo São Paulo.

O prédio é discreto se comparado aos arranha-céus de prata que estão a sua volta. Contruído em dois blocos, unidos através de uma estrutura de ferro e vidro, o prédio abriga a redação, estúdios e o arquivo (com todo o material produzido em São Paulo desde 1973). Sua arquitetura foi pensada especialmente para abrigar uma emissora de tv.

Quem trabalha lá dentro dificilmente vê o que acontece do lado de fora. Para entrar no prédio é preciso passar pela portaria e atravessar o estacionamento. Aguardamos alguns minutos até confirmarem a visita dos alunos do curso de jornalismo da Unesp.
O grupo é dividido em dois. Devemos seguir as guias e evitar se distanciar do grupo. Começamos pelos estúdios. Pela janela observamos a cozinha de Ana Maria Braga. Do outro lado do corredor, outra janela para ver o estúdio onde é gravado a previsão do tempo do Jornal Nacional e os telejornais locais.

Continuamos a visita. A guia avisa: vamos fazer silêncio. Passamos pela produção do Fantástico, do Globo Repórter, a redação de Esportes. Mais adiante a redação. Aquela que a gente assiste ao fundo dos apresentadores do Jornal Hoje ou do Jornal da Globo. Entrar lá? Nem pensar. Só observamos do alto, pelo vidro. Não é difícil reconhecer certas faces conhecidas da telinha...

Boa parte das salas não possui janelas. A ventilação fica a cargo do ar-condicionado. Apesar do teto de vidro, construído sob a justificativa de aproveitar a luz natural, as lâmpadas são responsáveis pela iluminação de salas e corredores.

Se um pedestre for atropelado ao lado do prédio, ali na Avenida Jornalista Roberto Marinho, provavelmente ninguém verá. A menos que alguém pegue o celular e ligue para a emissora avisando. Se tiver um lugar na pauta, talvez o pedestre seja assunto de uma nota no SPTV.

Enquanto seguimos com a visita, vendo tudo através de um vidro, como se estivéssmos assistindo TV, o governador do Estado participa da gravação do Programa do Jô.

Distantes da realidade a sua volta, os profissionais da emissora parecem isolados no mundo da fantasia. Os repórteres, responsáveis por captar a “realidade” e mostrá-la objetivamente nos telejornais, saem da emissora para cobrir sua pauta nos automóveis prateados e de vidros escurecidos. Estariam eles tentando ser imparciais?

Pela maneira como a maioria das pessoas que trabalham lá nos observou, parecia que éramos extraterrestres. Será que esqueceram como são pessoas reais?

Na sala de controle é possível determinar o brilho e o contraste das imagens. Tudo é calculado seguindo o padrão Globo de qualidade. A imagem é perfeita, mesmo quando o ser humano a frente das cameras não é. O uso de filtros e programas de computador corrigem as pequenas “imperfeições” da face de quem apresenta o telejornal. Não é de hoje que a paisagem vista nas novelas é pura ficção criada com imagens de locais reais e "aperfeiçoados" no computador.

Fim da visita. Hora de reunir todos para voltar ao ônibus. Nosso modesto ônibus fretado não chega aos pés do "Priscilão"*, aquele ônibus azul que fez a alegria de Pedro Bial conhecendo o Brasil "real"

Ainda dá tempo de tirar uma foto fazendo pose em frente ao imenso logotipo global. Enquanto o ônibus segue o caminho de volta, o governador levanta vôo e parte para o Palácio dos Bandeirantes de helicóptero.

Chegando em casa consigo assistir ao programa gravado naquela tarde. Sentado no sofá tive, por alguns instantes, a sensação de ser um Homer Simpson...

* O apelido "Priscilão" é uma alusão ao filme "Priscila, a rainha do Deserto" cuja personagem atravessa os Estados Unidos em um ônibus azul.

2 comentários:

Anônimo disse...

kakakakaka
vc tem que ser jornalista mesmo... ler essa "matéria" sobre a sua visita é praticamente a mesma coisa que ler o jornal...rs
parabéns,... apesar de que o passeio em suma foi uma porcaria pelo visto... kakakakakka
bjus

Unknown disse...

a próxima visita será o Projac, no Rio...
eu não aprendo, sempre me meto em fria :-)
bjos!