terça-feira, 31 de julho de 2007

Manchete mórbida

Geralmente não acesso o portal MSN, mas hoje acessei depois de olhar alguns spams enviados para meu endereço do Hotmail. Logo na capa uma manchete mórbida: "À luz de velas, casal morre queimado". Parece chamanda do extinto Aqui Agora...

A notícia é da Agência Estado, e a manchete original é "Casal morre queimado após jantar à luz de velas em AL". É uma manchete mais clara, define as circunstâncias da morte e ao contrário da anterior é menos sensacionalista.

O Yahoo publicou a mesma matéria e manteve a manchete original. Ela era a sétima mais enviada pelos leitores do portal hoje. Será que seria a primeira se o Yahoo tivesse usado a manchete do MSN?

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Condenado a se vestir de galinha

O juiz estadunidense Michael Cicconetti condenou um homem a se vestir de galinha. Daniel Chapdelaine teve que se vestir de galinha e carregar um cartaz fazendo propaganda contra um bordel. Que crime Daniel cometeu? Ele abordou prostitutas na rua...

Abordar prostitutas na rua é ilegal, segundo as leis do Estado de Ohio. O cartaz carregado por Daniel dizia que não se aceita "galinheiro" na cidade.

Se você quer ver Daniel vestido de galinha, clique aqui. A notícia é da BBC Brasil.

Agora eu faço duas perguntas:

- Uma sentença pode expor o réu a ridículo?

- Que tipo de condenação o juiz Michael teria dado a alguém que queima um índio ou espanca uma mulher na rua?

domingo, 29 de julho de 2007

Espírito olímpico

Quando vi o jogo de vôlei entre Brasil e Venezuela, no Pan 2007, ouvi pela primeira vez uma torcida vaiar o time adversário em um Pan-americano. Nunca ouvi vaias na Liga Mundial ou em disputas olímpicas. Mesmo quando as disputas aconteciam no Brasil, nunca vi tanta hostilidade.

O mesmo problema aconteceu em outras competições e protagonizadas por pessoas que jamais deveriam estar envolvidas. Segundo o colunista Nirlando Beirão, da revista Carta Capital, o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt fazia coro com a torcida brasileira nas vaias contra os adversários (porém não especificou em que modalidade isso ocorreu).

Nirlando escreveu: "Na arquibancada do Pan, ele (Oscar) se prestou ao triste papel de mascote grandalhão da barulhenta galera canarinho, cuja idéia de espírito olímpico consiste em vaiar e hostilizar os adversários (...) O paspalhão Oscar puxava os apupos e comandava a indelizacadeza com o orgulho cívico do peito estufado".

Outro ex-atleta envolvido em hostilidade foi Aurélio Miguel, na final de judô feminino. Aurélio disse que tentou apartar a confusão, iniciada com a vitória da cubana Sheila Spinoza. O vídeo abaixo foi gravado por um cinegrafista amador:



Galvão Bueno, locutor da TV Globo, teve a segurança reforçada na final masculina do basquete. O motivo foram os gritos ofensivos e os gestos da torcida feitas contra o locutor.

No handebol, os protagonistas foram os jogadores argentinos e a torcida brasileira. Depois de perderem por 30 a 22, os argentinos foram chamados de vice-campeão pela torcida brasileira. Irritados, os jogadores argentinos devolveram a provocação.

O Pan visto por outros olhos

Jovens fazem cobertura diferenciada do Pan-Americano

Textos, fotos, blogs, programas de rádio e vídeos de bolso. Esse é o resultado da cobertura dos Jogos Pan-Americanos realizado pela Equipe PapoPan (Projeto Autenticamente Protagonizado e Organizado Por Adolescentes e jovens iNovadores), que reúne 21 jovens da comunidade Cidade de Deus, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

O projeto tem como objetivo levar o Pan-Americano até as comunidades do Rio de Janeiro a partir da visão dos jovens. A jornalista e coordenadora do projeto, Cristina Uchôa, explica que a seleção dos participantes ficou a cargo da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e os únicos critérios para participação foram "estar no Ensino Médio, por possuírem um domínio maior da linguagem, e ter mais de 16 anos".

Uchôa conta que a proposta de trabalho é que em um curto espaço de tempo, ou seja, durante um evento específico, os jovens façam uma cobertura jornalística. "Para realizar o trabalho, eles recebem capacitação de texto e produção jornalística, fotojornalismo, rádioweb e vídeoweb. Isso acontece ao mesmo tempo em que a cobertura do Pan é realizada. Eles têm uma base, mas aprendem mesmo fazendo", explica.

Os participantes se dividiram e estão realizando, durante todo o mês, uma série de reportagens, que resultam em uma cobertura diferenciada que não se restringe apenas aos jogos. "Quando nos reunimos para selecionar o que seria pauta resolvemos que, além da cobertura esportiva, faríamos também uma pauta social. Falamos, por exemplo, dos protestos que aconteceram durante o evento na seção 'Enquanto isso, no Rio'", conta o jovem repórter, Marco Silva, de 20 anos.

"Foi interessante ver a dificuldade que os profissionais enfrentam para conseguir levar a informação para as pessoas. Além disso, agora tenho uma visão mais crítica sobre a mídia e posso ver as notícias com outros olhos", explica Silva.

Segundo a coordenadora, a mudança de visão dos participantes é notável e acontece de um dia para o outro. "Se compararmos, por exemplo, as primeiras fotos com as mais atuais, vemos uma grande mudança no olhar e na qualidade do material", diz.

Segundo ela, todos os participantes serão convidados para fazer parte da Agência ViraJovem de Notícias. A organização é liderada por uma equipe de jovens interessadas em aprender as práticas da Educomunicação e produzir notícias diárias com foco no universo jovem e nas pautas criadas por eles. "Se 10% deles participarem da agência é um ganho, mas nosso interesse não é formar jornalistas e sim cidadãos", diz Uchôa.

O projeto é promovido pelo Projeto Viração, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o Ministério da Justiça e o Ministério do Esporte. Toda a cobertura realizada pela Equipe PapoPan pode ser encontrada no site: http://www.revistaviracao.com.br/agencia. (Envolverde/Aprendiz)

Publicado originalmente pela Envolverde no endereço: http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=34939&edt=28
(© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.)

sábado, 28 de julho de 2007

Saga de um tcc...

Ontem, sexta 27, aproveitei o feriado de aniversário da cidade onde trabalho para visitar o Instituto "Lauro de Souza Lima", em Bauru.

Meu trabalho de conclusão de curso (TCC) terá o Instituto como tema central. Eu, mais um amigo, o Alan, vamos produzir uma série de reportagens para televisão. A escolha pelo "Lauro de Souza Lima" foi por conta da sua história.

Criado como asilo-colônia para abrigar doentes de hanseníase (antigamente chamada por lepra), ele se transformou em hospital e depois em instituto de pesquisa.

Só no primeiro dia de visita, já rodamos uns 40 km. O Instituto fica afastado do centro da cidade. Fomos recebidos pelo diretor, Dr. Marcos Virmond. Depois caminhamos pela vila criada na época da colônia, tendo o Jaime Prado como guia. Jaime é funcionário do Instituto a pelo menos 30 anos. Fomos até a igreja, onde um relógio voltou a funcionar depois de 46 anos parado. Confesso que tive medo de subir a escada, mas valeu a pena. O mecanismo do relógio lembra muito aqueles que vemos em desenhos animados e filmes, cujo mocinho fica pendurado nos ponteiros.

Esse é o início de uma saga, pois o desafio de retratar o "Lauro" em vídeo é grande. Felizmente começamos muito bem.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

E eu que achava que não era lido...

Estava espiando o número de visitantes do blog. É muito interessante a maneira como as pessoas chegam neste site perdido entre os milhões que existem por aí.

Por exemplo, alguém digitou "a financeira pode tomar meu carro se eu nao pagar as prestações?" e veio parar aqui. É óbvio que não voltou mais ao blog, afinal eu não sou especialista nesse assunto. No entanto, posso afirmar com toda certeza: Sim, a financeira pode tomar seu carro se você não pagar as prestações. Antes de tomar seu carro, ela vai procurar alternativas para negociar o atraso.

"Banco atrazou atendimento". Sim, é exatamente desse jeito que o usuário digitou: atrazou...
Se o banco atraSou o atendimento, reclame. Mas por favor, não reclame com o caixa, nem com o bispo!

O motivo é simples: o caixa não determina a quantidade de funcionários responsáveis pelo atendimento. Antes de reclamar, informe-se sobre as leis municipais que determinam o tempo de atendimento, pois elas variam muito entre as cidades. Há cidades em que o tempo só é válido para a fila dos caixas, em outras ele é para qualquer tipo de atendimento. Procure a ouvidoria do banco, a gerência.

Outra dúvida bancária: "eu não fiz o saque no caixa eletronico tem como o banco pagar"?. Se você não fez o saque, como é que o banco vai pagar??
Ironias a parte, acredito que a pessoa teve algum saque na conta não efetuado por ela e gostaria de ter o dinheiro de volta. Aí depende da política de atendimento do banco. Lembrando que o cartão e a senha são pessoais e intransferíveis. Só o dono da conta pode usar. O cartão pode estar com a mãe, irmão, primo, tia, sogra, pai, não importa. A responsabilidade por ele é do titular da conta. Se o cartão foi roubado ou perdido, comunique o banco imediatamente.

Alguém também passou por aqui procurando pela votação de Clodovil em Bauru. Não consegui encontrar os dados, mas a votação total foi de 493.951 votos. Pode ter certeza que o meu não está nessa estatística...

Mais uma de política: "gostaria de saber se acm neto é filho de luis eduardo magalhães". Não, ACM Neto não é filho de Luis Eduardo Magalhães. Ele é filho de Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior. Com a morte de ACM, será ACM Jr, pai do ACM Neto que assumirá a vaga do senador.

Ah, Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior é presidente da Rede Bahia. O grupo é composto por 6 emissoras de TV aberta (afiliadas da Rede Globo), uma emissora de TV fechada, 2 emissoras de rádio FM (uma delas afiliada ao Sistema Globo de rádio), um jornal diário, uma gráfica, uma empresa de conteúdo, uma produtora de vídeo, uma construtora e um portal de Internet...

Quatro pessoas estavam procurando garotas de programa e caíram aqui. O mais interessante é que procuravam por garotas de Bauru, Resende, Jaú e Santa Cruz do Rio Pardo! Os classificados dos jornais costumam ser mais eficientes. E na internet não há garotas de programa. Há acompanhantes ou escort girls...

Há quem acredite que encontrará notícias sobre Angélica, Luciano Huck e o filho deles, o Joaquim. Lamento, mas não cuidamos da vida das celebridades. E também não adianta querer encontrar alguma coisa sobre Ana Maria Braga, porque aqui não tem.

Por incrível que pareça, várias visitas do blog vieram dessas procuras no Google ou em outros sites de pesquisa relacionando essas frases ou nomes de pessoas...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ao mestre

Depois de passar (e continuar passando) por certas situações nas últimas semanas, relembrei de um professor do qual tenho boas lembranças.

Sempre gostei muito de História e Geografia. Felizmente tive grandes professores dessas disciplinas. Um em especial foi responsável por muito do que sou hoje. O conheci em 1994, na Escola Estadual "Stela Machado" na cidade de Bauru-SP.

Eu cursava a quinta série do ensino fundamental, no período da tarde. Tinha entre 11 e 12 anos. Na primeira aula, o professor explicou que não costumava escrever textos na lousa. De uma palavra ele começava a desenhar um esquema que ocupava a lousa toda. E por incrível que pareça, aquele monte de palavras interligadas por setas faziam sentido.

Certa vez ele disse: "Leiam nas entrelinhas. Ali tem mais coisas do que vocês imaginam". Aquilo caiu feito uma bomba sobre a minha cabeça. Ler nas entrelinhas...
"Vocês precisam ser críticos..."
Foi a primeira vez que ouvi algo sobre "um tal" Bertold Brecht...

Acho que exagerei na dose, mas sei que nunca mais vi o mundo da mesma maneira. Porém, isso seria uma das marcas na minha memória deixadas por aquelas aulas.

Ele não gostava do tradicionalismo. Criticava a avaliação feita apenas por provas. Gostava de propor atividades em grupo, de interpretação de texto e de teatro. Chegou a substituir a nota de uma prova pela apresentação de teatro. Quem não gostava nada disso era a direção.

Dia de apresentação. Meu grupo escreveu uma peça sobre desigualdade social. Só lembro de uma única cena: um rico almoçava no restaurante e um pobre mendigava na porta. No meio da apresentação, alguém bate na porta. Era a diretora. Veio chamar o professor para uma conversa na sala dela.

Silêncio. Porque a diretora foi até a sala chamá-lo? Ela nunca aparecia nas salas, exceto em casos graves e urgentes. Inquietação. Alguns alunos ficam na porta, outros ficam sentados na carteira esperando até que alguém começa a bater a mão sobre a carteira.

Outra pessoa começa a bater também e de repente todos batem suas mãos e chamam pelo professor. Aquilo espalhou pelo corredor de tal maneira, que todas as quintas séries estavam batendo as carteiras e gritando "Queremos Vladimir! Queremos Vladimir". Eram quatro ou cinco turmas. Os outros professores tiveram que interromper as aulas.

Vladimir volta, acompanhado da diretora. "O que está acontecendo aqui?", a diretora perguntou. "O professor Vladimir está aqui, porque esse barulho todo?". Ninguém respondeu.

Ligeiramente constrangido, Vladimir concorda quando a diretora disse que eles apenas tiveram uma conversa e que não havia nada de errado.

As apresentações foram interrompidas. Fizemos as provas dos últimos bimestres. Nada de teatro.

Parece que nunca mais o professor propôs teatro para as outras turmas... Também não precisou ter outras conversas na sala da diretora...

Dois anos depois eu estava na mesma escola, mas no período da manhã. A grande maioria da sala não era daquela turma de 94. Era dia de aula de história, mas a professora não pôde ir. O substituto foi Vladimir. Nem sei porque, ele começou a contar o episódio. Disse que nunca sentiu tanta emoção como naquele dia. Era uma lembrança que ele guardaria a vida toda. Talvez ele não saiba, mas pelo menos para mim aquele momento também ficaria marcado na minha memória.

Mudei para o colégio técnico em 98. Nunca mais voltei para o Stela Machado. A diretora daquela época faleceu, não me lembro em que ano. E Vladimir?

A última vez que o vi, foi no centro da cidade. Ele não estava dando aula. Substituiu o giz, pelo volante. De professor, passou a taxista...

Certamente suas aulas foram fundamentais para a minha formação. Das provas, não lembro nada. O que ficou foram as lições das apresentações de teatro.

domingo, 22 de julho de 2007

Golpe virtual disfarçado de e-mail da TAM

O acidente com o Airbus 320 da TAM já está sendo utilizado para aplicar golpes na Internet. O e-mail traz informações desatualizadas e um telefone falso da assessoria de imprensa da emprea, além do link para visualizar um suposto vídeo gravado pelo sistema de vigilância da Infraero. As informações são do portal IDG Now!

Ao clicar no link, um programa é instalado no computador do usuário e a partir disso seus dados podem ser roubados. Na verdade o golpe é o velho conhecido phising ("fisgar"). Trazendo mensagens dos mais variados tipos (inclusão do nome no SPC, atualização de cadastro em bancos, suspeitos procurados pela polícia, débitos pendentes em operadoras de telefonia), os e-mails sempre levam o usuário a clicar no link e aí é instalado algum programa ou vírus.

Para obter informações oficiais, consulte o site da TAM diretamente pelo endereço da empresa: http://www.tam.com.br/.

Não chores por mim, Bahia

Trecho do documentário "Além do Cidadão Kane" (Beyond Citizen Kane).

Com ACM, morre o coronelismo?
Com a morte de Antonio Carlos Magalhães, que já foi chamado de tudo, de Toninho Malvadeza a Condestável da Nova República, desaparece um dos mais expressivos herdeiros do estilo coronelista de exercer o poder.

SÃO PAULO - Antonio Carlos Magalhães não era um coronel tradicional. Seu poder não vinha, originalmente, da posse da terra. Era ligado a impérios da comunicação e aos centros urbanos. Mas tinha o estilo dos velhos coronéis, talvez mais do que ninguém. Sua morte, aos 79 anos, é mais um sinal dos tempos, de que pelo menos na política institucional este estilo vem definhando, substituído por outros tipos de conluio e dominação.


O coronelismo possuía duas características fundamentais: o mandonismo (que podia ou não se aliar ao carisma) pessoal e a agregação tribal. Antonio Carlos Magalhães praticava as duas, e tinha carisma pessoal na Bahia, sem dúvida. Foi partícipe de uma tragédia política e familiar: a morte do filho Luís Eduardo Magalhães, na casa dos quarenta, que era para ser o grande sucessor "moderno" do patriarca. O deputado federal ACM Neto e o filho do velho senador, que o substituirá na tribuna, ainda não estão à altura de serem considerados de fato "sucessores" de ACM, embora sejam seus herdeiros políticos mais próximos.


O poder dos coronéis, que começou a medrar no Brasil graças à herança colonial e à formação da Guarda Nacional no Império, afirmou-se por completo com a Proclamação da República. Foi estilo político dominante até 1930, quando Vargas, centralizador em todos os seus estilos de governo, tanto o autoritário quanto o popular, fez seu alcance e poder declinar graças à ampliação (antes do Estado Novo) do poder de voto das massas urbanas (inclusive as mulheres) e sua política de industrialização.


Por isso nunca foi perdoado pelos velhos coronéis, nem por seus herdeiros "modernos", os oligarcas da imprensa brasileira, onde se reproduzia o estilo coronel de viver em política: mandonismo, tribalismo, reconhecimento de sua própria casta como a única preparada para exercer (ou poder falar para e do) poder.


O golpe de 1964 criou uma esdrúxula mas compreensível aliança política que fez remanescer, transformado, o estilo coronel de fazer política. Os golpistas, tanto os militares quanto os modernos empresários e tecnocratas dos centros urbanos do país, aliaram-se aos remanescentes do coronelismo nordestino. E num primeiro momento foram unanimemente apoiados pela imprensa de espírito oligarca. Assim, se a classe dos velhos coronéis já era quase parte da história pregressa, seu estilo sobreviveu nos centros urbanos que impulsionaram a modernização conservadora e excludente inclusive do próprio setor rural, durante o regime de 64 e a Nova República posterior.


Isso ajuda a entender a extensão do poder do senador agora falecido, que chegou a criar o "carlismo", a palavra e o agrupamento (tribo) hegemônicos na Bahia até as eleições recentes para prefeito e governador. A eleição surpreendente de Jaques Wagner, do PT baiano, ainda no primeiro turno, para o governo estadual, consolidou a impressão de que o carlismo encontrara seu Waterloo.


Entretanto, ainda está pra se ver se de fato o coronelismo está morrendo no Brasil, ou está se transformando num novo estilo tribal, desenvolvendo aquilo que os especialistas vêem como uma forma limite do coronelismo, que era o "colegiado". Hoje a política conservadora (mas também 'a esquerda, com freqüência) se faz em torno de colegiados que se agregam em torno de uma grife eleitoral. Por sua vez, a mídia oligárquica se organiza em torno de colegiados de grifes jornalísticas que desatam em quase uníssono campanhas antiesquerda e antipovo na política. Como quase tudo no Brasil, o coronelismo não morre, mas se transforma.


(Originalmente publicado em 20 de julho de 2007 - Com ACM, morre o coronelismo?)

Mais do mesmo

Enquanto centenas de pessoas afetadas, direta ou indiretamente, sofrem pelo acidente do vôo 3054 da TAM, outras tantas estão preocupadas em se eximir de culpa e outras em se aproveitar da situação.

Mais uma vez somos obrigados a ver, ler ou ouvir informações desencontradas, parciais e sobretudo inviesadas pelo interesse de seus emissores. Até quando viveremos assim?

A tragédia está sendo usada como palanque eleitoral da maneira mais sórdida possível. Pouco importa o que o governador José Serra tem a dizer, mas os gravadores e microfones o procuram avidamente (ou seria ele quem procura pelos microfones?) para dizer o que pensa. Aí vem seus opositores reclamar que Serra desapareceu quando a cratera da Linha 4 do Metrô matou 7 pessoas.

Tá, E daí?

O presidente Lula demorou 3 dias para fazer um pronunciamento à nação. E daí? Eu não quero ouvir ele se lamentar, todo mundo está lamentando.

Gostaria de ver os fatos serem investigados. Quero saber as causas, quero saber os responsáveis. Não quero saber os supostos, pouco importa os suspeitos condenados antes da conclusão das investigações. Quero saber quem são os responsáveis e quais medidas serão tomadas para que isso não se repita. Chega de especulações, chega de espetáculo.

Quero respeito. Tanto para as vítimas, como para os leitores/ouvintes/telespectadores.

Como se não bastasse, aparece o Assessor Especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia e outro assessor da presidência, fazendo gestos nada educados depois de notícias acerca de falhas técnicas.

Lógico que isso serviu de munição para a mídia disparar contra o governo:

Depois reclamam de perseguição. Mesmo que o gesto expresse indignção, não há como negar que ele é ofensivo em um momento tão delicado como este. E os ocupantes do alto escalão do governo ainda cometem gafes que só pioram a situação. Basta lembrar da frase dita pela ministra Marta Suplicy: "relaxa e goza".
Sinceramente, estou cansado da mesmice.

domingo, 15 de julho de 2007

A burrice está ao lado

O arquiteto Oscar Niemeyer foi tema da reportagem principal do Segundo Caderno de O Globo deste domingo, 15. Embora o mais interessante tenha ficado num box pequeno, a fala de Niemeyer serve de alerta para quem se acha importante, da precariedade do debate e da falta de modéstida do ser humano:

" Ele (o jovem) não recebe informações sobre a vida, sobre a posição que deve tomar, de solidariedade, de que os homens podem ser mais fraternais, agir como companheiros, de mãos dadas. Esse é o mundo que a gente deseja, mas como é difícil reagir à burrice geral, ao império Bush".


"(O ser humano) Nasce, morre, como outro bicho qualquer, então por isso mesmo ele deve ser mais modesto, não pensar que é importante. O sujeito que pensa que é importante para mim é um debil mental".


Na capa do jornal, a chamada do Segundo Caderno divide espaço com o novelista Gilberto Braga e a sua surpresa com a popularidade dos vilões da novela. Niemeyer tem razão, a burrice é geral.

Só avisam agora?


Na quarta, 11, o suplemento Carro etc do jornal O Globo publicou matéria sobre os carros bicombustíveis. O interessante fica por conta da manchete e da linha fina: "Flex também enguiça. Após saber das virtudes, chegou a hora de conhecer os defeitos dos bicombustíveis".

Quer dizer que só agora os consumidores merecem saber sobre os defeitos?

Os carros bicombustíveis são fabricados desde 2003 e atualmente até utilitários já estão sendo fabricados com esse tipo de motor.

Para quem estiver interessado em ler a reportagem, é preciso fazer um cadastro no site do jornal. Por enquanto é possível ler a edição na íntegra gratuitamente.

Para quem gosta de carros antigos

O The Old Car Blog é um blog em inglês sobre carros antigos. Há coisas interessantes, como um documento sobre como a Rolls Royce criava a sequência do chassis de seus modelos em 1946. Fotos para que os leitores identifiquem o modelo e propagandas antigas.

A foto ao lado é do Lincoln 1955. O melhor fica por conta do slogan: "Para uma vida moderna, por um magnífico dirigir" (Tradução literal).

Outro site sobre carros antigos é o The Old Car Manual Project . Nele é possível encontrar propagandas, fotos e manuais de proprietário e manutenção.

Ouvindo o Pan!

Quem quiser acompanhar o Pan pela net, pode acessar a Rádio Unesp Virtual. A transmissão dos Jogos Pan-americanos 2007 está a cargo do William e do Daniel, do sétimo termo de jornalismo noturno da Unesp. São 16h de transmissão diárias.

Boletins são publicados no Galera do Esporte e hoje, após o jogo de vôlei, tem o Webjornal do Pan.

A Rádio Unesp Virtual pode ser ouvida pelo Winamp ou pelo Windows Media Player.

domingo, 8 de julho de 2007

Se todos pensassem como você

Hoje uma amiga mandou o link do vídeo em que uma jornalista se nega a falar sobre a saída de Paris Hilton da prisão. A jornalista do MSNBC, Mika Brzezinski, deveria ler a nota sobre Paris antes das notícias relacionadas ao Iraque. Para Brzezinski, a liberdade da moça não era o assunto mais importante do dia.

Sinceramente não sei porque tanta gente perde tempo falando dessa tal Paris Hilton. Quem dera que todos os jornalistas agissem como Mika Brzezinski...


Esquecer de regar o jardim pode dar cadeia

Uma senhora de 70 anos foi presa porque o gramado em frente a sua casa estava seco. A prisão aconteceu na cidade de Orem, Estado de Utah, nos Estados Unidos. Como negou a dizer o nome, a idosa foi agredida pela polícia. A polícia nega a agressão.
A íntegra da notícia está no site da BBC Brasil: 'Gramado mal cuidado' leva idosa à prisão nos EUA.
Não, hoje não é 1º de abril...

sábado, 7 de julho de 2007

Faça mais. Use menos

Pode parecer piada, mas um dos patrocinadores da transmissão do Live Earth no MSN é a Chevy. A Chevy é uma das marcas pertencentes ao grupo General Motors (GM), que no Brasil utiliza a marca Chevrolet.

Parece piada, pois um dos maiores emissores de monóxido de carbono (CO) no planeta são os automóveis. E não faz muito tempo, a General Motors era a maior fabricante de automóveis do planeta. Perdeu o primeiro lugar para a japonesa Toyota.

Entendo que muito se fez para reduzir a poluição causada pelos carros. Mas será que os fabricantes teriam tido essa preocupação se não existissem leis e regulamentações para que isso fosse feito? Ou será que a General Motors quer vender mais carros, para que menos pessoas os utilizem?

A partir da década de 70, os fabricantes foram obrigados a rever a tecnologia utilizada, passaram a instalar catalisadores e a gasolina tinha menor octanagem. O Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, é um dos que possuem leis mais rígidas em relação a emissão de poluentes. Foi lá que a GM testou o EV1, primeiro carro elétrico fabricado em série no mundo. Teve uma vida curta, sendo produzido entre 1996 e 1999. O fim do carro deu origem ao filme "Quem matou o carro elétrico" (Who killed the electric car?).

No Brasil, a criação do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE) foi fundamental para que a emissão de poluentes fosse reduzida. Em 1980, um carro de passeio emitia, em média, 54,0 g/km de CO. Cinco anos depois a emissão média era de 28,0 g/km (valores de um carro movido a gasolina). Atualmente, um carro com motor bi-combustível emite entre 0,39 a 0,46 g/km. Os dados são do PROCONVE.

Para a Chevy, o lema é: Faça mais. Use menos (Do more. Use less). Infelizmente só chegaram a essa conclusão depois de tantos danos já causados...

Já vi esse filme...ops, show de música

O engajamento de atores, cantores, entre outros artistas, em prol de uma causa humanitária não é novidade.
Antes do Live Earth, já ouve o Live Aid (1985), o USA for Africa (1985), o America: A Tribute to Heroes (2001). Com exceção do Tribute to Heroes, concerto idealizado pelo ator George Clooney para homenagear e arrecadar fundos para os bombeiros de Nova Iorque, todas as outras iniciativas são em prol de problemas mundiais.


Em 2005, o idealizador do Live Aid, Bob Geldof, organiza o Live 8, envolvendo um número maior de shows e um conceito diferente. O Live 8 queria chamar atenção para a reunião do G8 (grupo formado por EUA, França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Japão, Canadá e Rússia). Não buscava apenas arrecadar recursos para financiar projetos de combate a fome na África, mas cobrava uma nova postura dos países mais ricos do mundo diante de um dos continentes mais pobres, alterando regras de comércio internacional.


Agora é a vez do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, surgir com o Live Earth, para chamar atenção para a questão ambiental. Os concertos serão em Nova Iorque (EUA), Londres (Inglaterra), Sydney (Austrália), Rio de Janeiro (Brasil), Johanesburgo (África do Sul), Tóquio (Japão), Xangai (China), Hamburgo (Alemanha) e Istambul (Turquia).


Segundo o site oficial do evento, o Live Earth foi criado por Kevin Wall, produtor executivo mundial do Live 8. Al Gore é apresentado como parceiro do projeto. A iniciativa conta com a participação da Alliance for Climate Protection (Aliança Pelo Clima) e The Climate Group (o Grupo do Clima). Desde que Gore deixou o governo ele tem se dedicado ao tema. Já escreveu um livro, Uma verdade incoveniente. Pouco depois um filme com o mesmo nome foi lançado e ganhou o Oscar de melhor documentário.


O Live Earth prega a mudança de comportamento de indivíduos, sociedade, governo e empresas. Quem participa do "chamado" se compromete a trocar quatro lâmpadas comuns por lâmpadas eletrônicas (LFC), a comprar dispositivos e aparelhos eletrônicos que economizam energia, a utilizar meios de transporte público ou fazer rodízio de carros uma ou mais vezes na semana, desligar os aparelhos e lâmpadas quando eles não estiverem sendo utilizados e enviar o e-mail sobre o Live Earth para cinco amigos. Pronto! Seu nome será divulgado mundialmente, junto aos outros indíviduos que se comprometeram a fazer a mudança e assinaram a carta de compromisso.

O MSN vai transmitir os concertos ao vivo. Quem quiser acompanhar pode acessar http://liveearth.msn.com/concerts

A Globo detém os direitos de transmissão no Brasil. Seu canal pago Multishow vai transmitir os concertos ao vivo. Quem não tem tv por assinatura pode ver uma compilação das principais apresentações no domingo, 8, após o Fantástico.

Professores agredidos em escolas

A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo registrou 217 casos de agressão a professores dentro das escolas públicas do Estado. Os dados são referentes ao ano de 2006.
Embora os dados de 2007 não tenham sido divulgados, somente no mês de junho foram registrados três agressões. Uma professora teve parte do cabelo queimado, outra ficou colada na cadeira e uma outra foi surrada.
O portal Terra divulgou uma série de reportagens, com relatos dos professores e os dados completos.
Provavelmente o número de professores agredidos seja maior. Nem todos registram a ocorrência. E o problema não ocorre apenas nas escolas administradas pelo Estado.

domingo, 1 de julho de 2007

A ética de Che

A palavrinha ética está em alta desde meados de 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson resolveu falar o que sabia (ou o que interessava falar). Eis a sua definição, segundo o dicionário Aurélio:

é.ti.ca


Substantivo feminino.

1.
Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal.
2.
Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.

Boa conduta do ser humano... o que é ter boa conduta atualmente? Em uma semana que começa com a saga do brejo de Renan, vale a pena ler a entrevista de Tirso Saenz concedida para a UnB Agência, da Universidade de Brasília.

Saenz foi vice-ministro de Ernesto Che Guevara na década de 60 em Cuba:

UnB AGÊNCIA – O senhor dá muita ênfase ao caráter austero de Che, de quem quer dar o exemplo. Diz ainda que esse sentimento se disseminou pelo Ministério de Indústrias, fazendo com que todos os escalões aceitassem passar por grandes sacrifícios. Comportamentos assim são sustentáveis no longo prazo?

SAENZ –
Diria que são indispensáveis. Se um país ou uma instituição não trata de desenvolver uma ética – que passa pela austeridade, pela responsabilidade no trabalho, pela exigência –, o desenvolvimento não é sustentável. Isso tem de ser parte de uma cultura. Essa ética – que Che compartilhava com Fidel e outros dirigentes – realmente se espalhou por todo o ministério de modo que o cumprimento das tarefas era normal, fazer as coisas com eficiência era normal. A questão da ética é vital e pouco se fala dela quando tratamos de sustentabilidade. Fala-se em sustentabilidade econômica, ambiental, social. Mas a ética é o pré-requisito básico para todas elas.


A íntegra está disponível em: www.unb.br/acs/entrevistas/tv0607-05.htm

Pobre Valentina

A Valentina nasceu a semana passada. Ela é filha de Gabriel Moojen e Francielle Zanon e sua gestação foi acompanhada pelo Fantástico, da TV Globo.

Valentina e o pais são os protagonistas do quadro O mundo de Valentina, que tenta imaginar como será a vida da menina quando ela tiver a mesma idade que o pai tem hoje (36 anos).

Parece uma idéia legal, interessante, uma discussão sobre o atual modo de vida e as consequências do desequilíbrio ambiental. O problema é que o quadro é chato. Talvez a inexperiência do casal frente às câmeras ou o roteiro pouco criativo.

Tudo bem que eu só assisti o episódio de hoje e a probalidade de não assistir os próximos é muito alta. Os pais de Valentina estiveram numa feira livre, queriam saber dos feirantes se as frutas vão resistir ao calor e protagonizaram a ridícula cena de tirar as cebolas de dentro de uma sacola plástica e enfiaram dentro da bolsa de uma mulher que fazia compras. O objetivo? Mostrar que as sacolas plásticas demoram milhões de anos para se decompor, aumentam o consumo de petróleo para poderem ser produzidas e aumentam a quantidade de lixo. Será que se ela tivesse uma bolsa Louis Vuitton ele teria feito o mesmo?

Eles estão tão preocupados com o meio-ambiente que em nenhum momento foi mostrado como eles se locomoveram até a feira ou até o supermercado. Foram a pé? Usaram bicicleta? Ônibus coletivo ou carro?

Não há dúvidas que nossos hábitos de consumo precisam mudar. Qual o papel da tv para conscientizar a população? O quadro não consegue despertar a necessidade de mudanças. O próprio Gabriel admite no final "o pior é que a gente se acostumou". Precisa desacostumar!

Explique como fazer, mostre alternativas possíveis. Mande a mensagem para o consumidor do hipermercado e do shopping center, não adianta pegar no pé da dona-de-casa que está na feira. O problema atinge todo mundo. Quer ajudar? Então divulgue as pesquisas do Greenpeace, conheça quem vende alimentos transgênicos.

Pobre Valentina, não merecia um pai tão chato.

Passeando por Nova Iorque

O Google Maps ampliou os recursos de visualização dos mapas e criou o "Street View" (visão da rua, em tradução literal). Através deste recurso é possível ver uma foto tridimensional do lugar onde você, representado por um boneco, está parado.

Clicando sobre as setas você "caminha" pela rua selecionada. A riqueza de detalhes é tão grande, que em alguns casos, dá a impressão que um carro vai te atropelar.

O recurso está disponível nas maiores cidades dos Estados Unidos. Quem quiser, pode ver a área ocupada pelas torres do World Trade Center. Na imagem ao lado, capturei as esquinas da Broadway e da Murray St.