domingo, 23 de setembro de 2007

Presidente teflon

Semana passada coloquei alguns trechos da entrevista de Fernando Henrique Cardoso para a Revista Piauí. Ironicamente, o jornal estadunidense New York Times publicou hoje uma entrevista com o presidente Luis Inácio Lula da Silva.

A BBC Brasil divulgou alguns trechos, nos quais Lula afirma que a América Latina não precisa de um líder e que pretende voltar para São Bernardo do Campo depois de cumprir o mandato.

O jornal entrevistou o professor da Universidade de Brasília, David Fleischer, a respeito das críticas feitas a Lula. Fleischer afirmou que Lula é o "presidente teflon". Teflon é o material antiaderente usado em panelas e frigideiras. Ou seja, nada "gruda" no presidente e essa seria uma das justificativas para o alto índice de popularidade de Lula.

Lula aproveitou para alfinetar FHC, afirmando “Eu não vou participar de um programa de estudos para graduados na Universidade de Harvard”.

Resta saber se depois da temporada no Palácio do Planalto, Lula irá se credenciar como palestrante...

sábado, 15 de setembro de 2007

Profissão: ex-presidente

Fernando Henrique Cardoso concedeu uma entrevista a João Moreira Salles, da revista Piauí. A entrevista foi publicada na edição de agosto da revista.

Por ano, a Universidade de Brown nos Estados Unidos paga ao ex-presidente uma quantia de 70 mil dólares ao ano. Em troca, FHC deve passar pelo menos quatro semanas na universidade, ministrando aulas e orientando alunos.

FHC declara que recebe propostas para ministrar palestras por 40 mil dólares. Desse valor, 20% fica com o agente ("empresário") Harry Walker, o mesmo que assessora o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton.

Para ele, o país não tem perspectivas. “Que ninguém se engane: o Brasil é isso mesmo que está aí. A saúde melhorou, a educação também e aos poucos a infra-estrutura se acertará. Mas não vai haver espetáculo do crescimento algum, nada que se compare à Índia ou à China. Continuaremos nessa falta de entusiasmo, nesse desânimo”.

E reconhece o fracasso: "No meu governo, universalizamos o acesso à escola, mas pra quê? O que se ensina ali é um desastre. A única coisa que organiza o Brasil hoje é o mercado, e isso é dramático. O neoliberalismo venceu. Ao contrário do que pensam, contra a minha vontade”.

Escreve João Moreira Salles: 'Fernando Henrique é Cavaleiro da Ordem de Bath: “Minhas filhas podem se casar na catedral de Westminster, eu posso ser enterrado lá e tenho direito a tomar banho com a rainha”. Não pretende exercer o terceiro privilégio e tentou em vão convencer a filha Bia a fazer uso do primeiro. Quanto ao segundo, “já disse à Ruth: junto o meu dinheirinho e quando morrer vou pra lá de avião, direto pra Westminster”. Ele brinca, mas gosta das liturgias do Velho Mundo. No Brasil, seria difícil manter qualquer sonho hierático. “Parada militar no Brasil é pobre pra burro”, observa o homem que teve de presidir a oito festejos de 7 de Setembro. “Brasileiro não sabe marchar, eles sambam. Somos o povo menos marcial do planeta.” Chateação sem tamanho: “A cada bandeira de regimento, a gente tinha de levantar, era um senta-levanta infindável”, lembra-se com um esgar de pavor'.

No site a revista traz um link para um vídeo da campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, mas o vídeo foi removido. Porém, há uma cópia dele:

Brasil não atinge meta da OMS

Quinta-feira fizemos as primeiras gravações em vídeo para o TCC. Foram mais ou menos três horas de gravação, incluindo duas entrevistas e alguns depoimentos.

Conversamos com Peter, um estudante alemão de geografia que veio ao Brasil fazer o TCC dele. Peter quer entender porque o país ainda não conseguiu superar a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em número de casos de hanseníase.

A meta é ter menos de 1 caso a cada 10 mil habitantes. Ano passado, o Brasil registrou 1,41 casos. No entanto, a região Norte apresentou o índice de 3,78. O caso mais grave é Roraima, com 6,30.

São Paulo apresentou 1.959 novos casos em 2006. Isso representa um índice de 0,32 por dez mil habitantes. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde.

Em todo o continente americano, o Brasil é o país com a maior incidência da doença. Apenas Moçambique e Madagascar, no continente africano, possuem índices maiores do que os brasileiros.
Apesar dos altos índices envolvendo países de língua portuguesa, o site da OMS sobre a hanseníase não possui tradução em português. O site está disponível em inglês, francês, espanhol, chinês, árabe e russo.

"Esse tar de empréstimo..."

O "nervosismo do mercado" em virtude das preocupações com o crédito imobiliário nos Estados Unidos ocupou o noticiário econômico do mês passado. Na revista Carta Capital da semana passada, o crédito foi assunto de capa, mas abordava o aumento na concessão de crédito no Brasil e o seu impacto no crescimento do país. Infelizmente não li a reportagem para comentá-la.

Lembrei de abordar esse assunto aqui porque ontem (13/09) ouvi o seguinte: "Esse tar de empréstimo vai acabar com o povo..."

Quem disse foi Seu Afonso, um taxista que observa o cotidiano da cidade de Agudos a partir do ponto de táxi localizado na praça Tiradentes, no centro.

Ele está intrigado com a quantidade de financeiras abertas na cidade nos últimos meses. Acha um absurdo a promoção de uma delas: faça um empréstimo, pague a primeira parcela daqui um ano e ainda ganhe uma cesta básica. Na opinião dele, as pessoas estão emprestando muito dinheiro e não vão conseguir pagar a conta.

Observando o movimento das ruas (e consequentemente a quantidade de corridas que faz por dia), Seu Afonso diz que a cidade "está morta". Poucas pessoas circulando e comprando.

Não sei até que ponto ele tem razão. Só sei que já vi aposentados que mal conseguem assinar o próprio nome ir até o banco sacar o valor emprestado, acompanhado por um funcionário de uma financeira. Com certeza, no próximo pagamento da aposentadoria, ele receberá 30% a menos do salário. É a parcela do "emprésti"...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Seis anos sem as torres gêmeas

Sinto muito, mas aqui você não encontrará nada sobre o sexto aniversário dos atentados do dia 11 de setembro de 2001. Existem milhares de portais trazendo o assunto, milhares de blogs comentando e portanto informação demais sobre um mesmo tema.

E se por acaso estiver cansado de ler sobre Osama e Bush Jr., procure dar uma olhadinha sobre como foi a reunião entre o relator do projeto que quer prorrogar a CPMF e os senadores aliados ao governo.

Assunto chato, né? Pensando bem... quer dizer, melhor não pensar, porque pensar enlouquece. Não acredita?

Pensar Enlouquece, Pense Nisso é um blog. Nem adianta tentar descrever como cheguei até ele, porque como já escrevi por aqui, vivo me perdendo nos links da Internet. O que interessa é que o blog é de Alexandre Inagaki, um jornalista que trabalha com marketing viral e estratégia em mídias sociais. E já que falei sobre as torres, acho que post sobre Deus Segundo Laerte Coutinho seja legal para ser lido.

domingo, 9 de setembro de 2007

Um novo jeito de ver TV

A qualidade dos vídeos do Youtube não é grande coisa. Ver os vídeos do Terra, Uol e Globo.com também não são as melhores experiências, ainda mais porque os vídeos de qualidade superior estão restritos aos assinantes.

Vídeos em tela cheia, com boa qualidade, sem necessidade de assinatura. Isso é possível? Essa é a proposta do Joost. O programa foi criado por Janus Friis e Niklas Zennström. Os dois também foram responsáveis pela criação do KaZaA e do Skype.

O Joost traz uma relação de canais baseados em provedores de conteúdo como a MTV, National Geographic, Warner Bros, VH1, Reuters, entre outros. A lista é extensa e abrange diferentes gêneros. Inclusive há um canal de música brasileira, disponibilizado pela gravadora Trama.

A principal vantagem do Joost é qualidade da imagem em tela cheia. Ela não fica borrada ou cheia de quadros, como normalmente acontece com os vídeos na Web. O Joost permite que o "telespectador" vote no vídeo, envie um link por e-mail ou converse com outras pessoas que estão vendo o mesmo vídeo através de um chat. Traz recursos básicos como favoritos e catálogo de canais disponíveis. Alguns canais, como VH1, estão disponíveis apenas nos Estados Unidos.

Para ter acesso ao programa é preciso se cadastrar no site e fazer o download. Quem tem conexão discada não vai conseguir assistir nada, é preciso uma conexão banda larga.

Conhecendo o Ginga

A interatividade da tv digital será possível graças ao Ginga. Saiba um pouco mais sobre ele nesta reportagem da Agência Brasil:

sábado, 8 de setembro de 2007

Viva o STF! Ou não?

O Superior Tribunal Federal (STF) foi aclamado pela mídia depois decidir por aceitar a acusação do Procurador Geral da República sobre 40 pessoas envolvidas no "mensalão". Não foram poucos aqueles que aplaudiram a decisão, sob o argumento de que o tribunal estava certo no combate a impunidade.

Então tá... só esqueceram de dizer que o STF vai julgar os 40 envolvidos, entre eles José Dirceu, Delúbio Soares, Marcos Valério e tantos outros. Isso significa que até o momento, nenhum deles foi considerado culpado e vão cumprir pena para seus respectivos crimes. Há a possibilidade do tribunal julgar todos, alguns ou nenhum como culpados ou inocentes.

Porém, o assunto principal deste post não é o "choque positivo no combate à impunidade" (como trouxe a capa da revista Época), mas sim um ação do PSOL em relação a escolha do padrão de transmissão da tv digital no Brasil.

Segundo o Fórum Nacional pela democratização da Comunicação, o PSOL ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando 4 artigos do decreto que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital. Além da escolha do padrão, o PSOL quer que as concessões de tv digital passem pelo Congresso. Pelo decreto em vigor, todas as concessões analógicas terão concessão digital sem que isso seja debatido pelo Congresso.

Veja a íntegra da matéria:

Sistema brasileiro de TV digital é questionado juridicamente

Ana Rita Marini
Redação FNDC


Uma Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADIn) contrapondo quatro dos 15 artigos que compõem o Decreto 5.820/06 – que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T) – ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF), esta semana, por iniciativa do PSol. Em manifestação jurídica de desacordo com a escolha do governo, o partido contesta os procedimentos de instalação do SBTVD-T no país, previsto para iniciar transmissões em dezembro.

Com o argumento que os artigos 7º, 8º, 9º e 10º do Decreto 5.820/06, do SBTVD-T, violam o parágrafo 5º do artigo 220 e o artigo 223 da Constituição Federal, o PSol protocolou no STF, esta semana, uma ADIn. A ação terá como relator o ministro Carlos Ayres Britto. Esta é mais uma tentativa de rever a decisão do governo sobre a digitalização da TV no país – um processo que começou com amplas pesquisas e debates – mas terminou de modo equivocado, com a opção tecnológica pelo modelo mais excludente, do ponto de vista da democratização da comunicação.

No ano passado, logo após a publicação do decreto, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), realizou uma avaliação do seu conteúdo e julgou que o mesmo vinha “coroar um processo insuficiente e truncado, construído e sabotado pelo próprio governo, que estimou a digitalização da comunicação como uma mudança de menor dimensão do que realmente tem”. O coordenador-geral do FNDC, Celso Schröder, avaliava que o Decreto 5.820/06 afirma uma política pública que vem atender exclusivamente aos interesses privados, de viés estatizante e patrimonialista e que promoverá a manutenção do status quo da radiodifusão brasileira.

Logo após o anúncio do decreto, ainda, o FNDC produziu uma análise apontando fragilidades jurídicas e improbidades técnicas criadas com a edição do documento que instituiu o SBTVD (para ler a íntegra da análise clique aqui ).

Em agosto do ano passado, o Ministério Público Federal de Minas Gerais entrou com uma ação civil pública junto à Justiça Federal daquele Estado contra o Decreto 5.820/06, pedindo sua anulação no mérito e uma decisão liminar para suspender seus efeitos. Muitos dos argumentos apresentados pelo procurador Fernando Martins, que assinou a ação, estavam apontados nos relatórios do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Entre estes argumentos, o de que a decisão se deu por uma tecnologia sabidamente mais cara para o consumidor. A ação civil pública foi indeferida pelo juiz Lincoln Pinheiro Costa, da 20ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, por “inconstitucionalidade” (leia matéria).

Nesta semana, em sua ação, o PSol ressaltou a importância de um amplo e público debate entre o poder público e a sociedade civil. O partido considerou que os “necessários debates e a ratificação não foram atendidos na alteração do sistema de transmissão, tendo sido editado recente decreto presidencial consignando aos atuais exploradores do serviço de radiodifusão as concessões para transmissão pelo sistema digital".

O PSOL questionou ainda o relatório elaborado pelo Comitê de Desenvolvimento da TV digital para tornar públicas as razões que levaram à adoção do ISDB-T. O relatório jamais foi divulgado, "impossibilitando tornar conhecidas as razões pelas quais foi adotado aquele padrão”, ponderou o partido, afirmando ainda que o decreto afasta as emissoras comunitárias, universitárias e legislativas a um gueto no final do dial, enquanto às emissoras comerciais será reservada a melhor parte do sistema.

Com base nesses argumentos, o PSOL pede liminar para impedir os efeitos da aplicação dos artigos questionados. "Tal medida se faz necessária devido ao grau de irreversibilidade do que foi disposto nos artigos citados. Caso o processo de transição venha a ser iniciado, não será mais possível, ou será quase impossível, reverter as determinações do Decreto 5.820/06", justificou o partido.

Publicado originalmente em http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=178617 em 01/09/2007


Será que a mídia vai aplaudir se o STF julgar a ADIn procedente?

Somos todos piratas

Depois de enfrentar críticas por escolher o padrão japonês para a TV Digital no Brasil, agora as críticas são relacionadas ao uso de um sistema anti-cópia que impediria a gravação dos programas transmitidos pelas emissoras de tv.

Até agora não sei se foi decidido ou não se o sistema anti-cópia será utilizado. Em 24/08/2007 foi publicada a seguinte matéria na Computerworld:



Ministério das Comunicações diz que questão do bloqueio de conteúdo em TV Digital é mal interpretada

Hélio Costa diz que tem lido muita informação errada em relação à polêmica da permissão de cópias ilimitadas de conteúdo e que isso será definido pelo presidente

Por Luiza Dalmazo, do COMPUTERWORLD

O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que tem visto muita informação circulando que não corresponde ao que de fato está se discutindo no governo. "Está claro que será permitido fazer uma cópia dos programas de televisão transmitidos em alta definição - o que estamos definindo é se será possível fazer isso repetidas vezes, porque pensamos que os produtores do conteúdo têm o direito de ter suas obras preservadas", afirma.

Costa também informou nesta quarta-feira (22/08/07) que a decisão final sobre a questão de permissão das cópias ilimitadas de conteúdo em alta definição na TV Digital será tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro lembra, no entanto, que é preciso esclarecer que o que será definido pelo presidente é a possibilidade de fazer repetidas cópias de programas de televisão em alta definição de um mesmo aparelho. "Mas fora isso, está tudo autorizado e se a pessoa tiver três televisores em casa, pode fazer três cópias da programação de um canal", esclarece.


Se a pessoa faz uma cópia, ela poderá fazer milhares de outras cópias a partir da primeira cópia. Estou certo? Tanto faz...

Fato é que nem nos Estados Unidos o sistema anti-cópia foi implantado. Chegaram a conclusão (óbvia) de que era muito caro e poderia ser desbloqueado em breve. Mas eu não duvido que ele seja adotado por aqui. Os estúdios de cinema de Hollywood estão pressionado a adoção do sistema e ameaçam não vender seus filmes para as emissoras brasileiras (seria o fim da Tela Quente ou do Supercine??).

As emissoras, por sua vez, também querem a adoção do sistema. Não que elas tenham medo de ficar sem os filmes, mas por terem pago milhões na produção de suas novelas e de repente um mané qualquer grava os capítulos e vende numa banquinha...

Todos partem do pressuposto de nós, telespectadores, somos todos piratas. E quando o conteúdo não está disponível no Brasil? Veja o exemplo Quando o jeito é piratear.

Para entender um pouco mais do assunto, vale a pena conferir:
Professor da FGV critica mecanismo que impede circulação de conteúdos digitais
Who Controls Your Television? (em inglês)
Bloqueio de gravação na TV digital prejudica o consumidor, dizem especialistas

Paradoxo da difusão cultural

Cineasta defende redes alternativas de difusão cultural

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A divulgação da diversidade cultural vive um paradoxo no Brasil: enquanto a maioria da população não reconhece a riqueza das manifestações culturais do país e prefere produtos nos modelos norte-americanos, paralelamente são criadas redes alternativas de divulgação de CDs e filmes nacionais.

A avaliação é do presidente da Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural (CBDC), Geraldo Moraes, que participou durante esta semana do Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, em Brasília.

A coalizão reúne músicos, cineastas e editores de livros. Segundo Moraes, 85% do mercado mundial é dominado por filmes norte-americanos, enquanto cinco grandes transnacionais controlam mais de 70% dos registros musicais.

No Brasil, segundo o cineasta, multiplicam-se as pequenas gravadoras e os mecanismos de produção e distribuição independente, na contramão dessa corrente mundial: “Fora dos shoppings, em todas as regiões do Brasil e do mundo, as novas tecnologias permitem maior disseminação dessa produção, porque os equipamentos digitais estão cada vez mais baratos e acessíveis à população".

Esse modelo, “mesmo desorganizado”, mantém o mercado musical do sertanejo e do chamado tecnobrega, citou. O tecnobrega é mais difundido no estado do Pará, por meio dos camelôs, que vendem os discos a preços populares. Os artistas, lembrou Moraes, não ganham dinheiro com a venda direta do material, mas com a realização de shows – o público é atraído pelo que ouve nos discos.

Na avaliação do cineasta, iniciativas como essas atuam na promoção da diversidade cultural. “E mesmo que as pessoas que atuam nessa realidade não entendam o que estão realizando, elas ajudam a divulgar padrões musicais nacionais", completou. Ele citou como exemplo grupos musicais que, de tanto ouvir músicas em inglês, não conseguem compor em português. E as produções que “sofrem a influência de padrões de filmes e novelas norte-americanos". "É uma castração da criatividade”, lamenta.

A cultura brasileira, acrescentou, só será valorizada quando a população entender que se trata de uma questão de identidade. No caso de mídias dispendiosas, como o cinema, segundo ele, a chave é encontrar formas de diminuir os custos de produção e desenvolver redes de divulgação fora do circuito das grandes salas.

“Enquanto estivermos ligados a padrões americanos, como ficar dentro de um shopping a 17 graus, achando que está em Nova York, em vez de abrir a janela e sentir o ar fresco, não conseguiremos realizar nada”, afirmou o cineasta.

Publicado originalmente em http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/06/29/materia.2007-06-29.2441608847/view em 30/06/2007.

Tecnobrega dribla as gravadoras

Você já ouviu tecnobrega? O fenômeno da música paraense já foi tema de artigo na Folha de São Paulo em 2003, escrito pelo antropólogo Hermano Vianna. Porém, como eu não leio a Folha, fiquei surpreso em saber como os paraenses estão driblando a indústria fonográfica e criando um mercado musical próprio.

Abaixo, reproduzo uma reportagem do jornal Miami Herald publicado em português no site Cultura Livre:



Miami Herald: Brasil alia música e tecnologia em novos modelos de negócios
No Brasil, artistas se unem à rede informal

Fãs do tecnobrega, em vez de serem ameaçados por gigantes da mídia, são encorajados a copiar músicas e postá-las em sites de compartilhamento de arquivos

Por Jack Chang

Em Belém, Brasil, na borda direita da floresta amazônica, milhares de jovens se reúnem todo final de semana para festejar ao som de uma música que rapidamente se transformou na trilha sonora da selva.

DJs espalham no ar o som conhecido como tecnobrega em festas cheias de lasers e telas gigantes, enquanto os cantores de tecnobrega fazem ecoar seus hits mais recentes com a potente ajuda vocal de legiões de fãs.

Esta é uma cena familiar para os fãs do pop ao redor do mundo, mas o diferencial do tecnobrega – e o que inspirou muitos a chamarem-no o futuro da indústria da música mundial – é que o fenômeno se deu sem a interferência de gravadoras, promotores de shows nem nada que remeta à indústria da música tradicional.

Enquanto gigantes da mídia gastam milhões no combate à pirataria, as bandas de tecnobrega gravam suas músicas em estúdios caseiros e enviam-nas diretamente aos copiadores, que queimam centenas de cópias e as vendem em bancas nas calçadas, lado a lado com cópias ilegais dos mais recentes sucessos Hollywoodianos.

Os fãs, em vez de serem processados pelo compartilhamento de música entre si, são incentivados a copiar e postar as canções em websites de compartilhamento de arquivos digitais, de onde milhões de pessoas ao redor do mundo podem baixá-las.

Nesse ambiente de liberação, os músicos lucram somente de seus elaborados shows ao vivo, que são promovidos através da cessão de álbuns.

O que está vindo

A cantora Gabi Amarantos, uma das principais estrelas, diz que o tecnobrega é um sinal do que acontecerá ao redor do mundo. Assim como a Banda Calypso, de Belém, a banda Tecno Show, de Amarantos, se tornou nacionalmente conhecida contando somente com a força da venda das cópias nas ruas.

“Não há como deter a pirataria, então estamos aproveitando o cenário que emergiu em Belém, que é um sistema extremamente ágil para distribuição de música, através dos piratas”, disse Amarantos.

“Aqui, nós não temos gravadoras. Na realidade, não temos nada além de selva e pirataria. O que significa que nós, músicos, tivemos de ser criativos”.

A pirataria, abastecida pela facilidade e baixo custo da cópia de CDs e pelo compartilhamento de arquivos na internet, equivale a praticamente toda a música vendida em países como Paraguai e Bolívia, de acordo com a associação da indústria fonográfica IFPI, que também listou o Brasil como uma nação prioritária na sua luta contra a pirataria.

A tendência é global. CDs pirateados contabilizam 37 por cento de todos os álbuns comprados no mundo, de acordo com a IFPI. Como resultado, gigantes da mídia têm acompanhado a queda nas vendas, mesmo nos Estados Unidos.

A parceria em Belém entre músicos, copiadores e DJs poderia ser um novo modelo, afirmou Ronaldo Lemos, professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Lemos, que estudou o movimento do tecnobrega, descobriu que os músicos ganham cerca de US$ 850 por mês – aproximadamente cinco vezes o salário mínimo brasileiro – a partir de sua música, sendo que 88 por cento deles sem contato algum com gravadoras e selos.

Camelôs, músicos e aparelhagens (sound systems) em Belém ganham uma estimativa de US$ 5 milhões por mês vendendo CDs de tecnobrega, DVDs e ingressos de shows, de acordo com Lemos.

“As pessoas costumam dizer que, se não há proteção à propriedade intelectual, não há incentivo à criatividade,” diz Lemos. “Mas, no caso do tecnobrega, a criatividade se multiplica sem quaisquer proteções”.

Para a fã do tecnobrega Carla Pantoja, a chave é a economia. Com a venda de CDs legais no Brasil a cerca de US$ 15 cada, o que corresponde ao salário de um dia de trabalho para muitos em Belém, a música pirateada é a única alternativa possível para a maioria das pessoas, afirma Pantoja. Nas ruas, os CDs podem custar até US$ 0,50 cada.

Ela diz ainda que a pirataria é também uma maneira rápida para que fãs como ela esteja sempre a par das tendências e hits do tecnobrega, no qual as músicas podem passear do estilo grunge ao disco em questão de um ou dois dias.

“Às vezes, a música está sendo vendida nas ruas no mesmo dia em que é gravada,” afirma a jovem de 26 anos. “E, às vezes, na hora em que está sendo vendida nas ruas, já ficou fora de moda”.

A forte tendência a mudanças súbitas joga cantores e aparelhagens de DJs em um constante desafio de reinventarem-se e manterem a atração de seu público, perseguição familiar às companhias de mídia norte-americanas e suas tentativas de manterem-se no topo dos novos e virtuais tempos.

Os cantores sonharam com uma avalanche de ramificações do tecnobrega, com nomes como cibertecnobrega e brega melody, para citar as mais recentes. O tecnobrega em si é uma versão de batidas mais pesadas do brega, estilo musical que teve início em Belém nos anos 1970 inspirado no rock norte-americano.

Grandes produções

Esse cenário também vem servindo de impulso para os produtores de shows de tecnobrega, que tiveram de se manter atualizados comprando dezenas de milhares de dólares em novos raios lasers, caixas de som e telas gigantes a cada poucos meses e promovendo festas gigantescas de lançamento para cada novo equipamento.

A gravação ao vivo das festas, vendida por copiadores, tornou-se a principal maneira de os principais cantores do tecnobrega serem escutados.

Recentemente, DJs se reuniram em uma enorme batalha musical e tecnológica, com naves espaciais e efeitos com canhões lançando lasers e névoa sobre a aglomeração de jovens.
Erick Santos, a cuja família pertence uma aparelhagem chamada O Poderoso Rubi, a Espaçonave do Som, diz lembrar de épocas mais simples, mais de cinco décadas atrás, quando seu pai abriu o negócio somente com um tocador de discos e um megafone.

Agora, embora tenha comprado três caminhões cheios de telas de vídeo e luzes, Santos tem visto seu público preferir outras aparelhagens com equipamentos mais resplandescentes.
“É este o futuro da música?”, perguntou Santos em uma note recente, enquanto o tecnobrega punha em transe o público em uma de suas festas. “Eu acho que sim. E, gostem ou não gostem, ninguém será capaz de impedir”.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O post mais importante do blog

Fui espiar a página principal do Terra agora a pouco e vejo, como diria o Antonio Tabet do Kibeloco, um notícia que vai mudar o mundo: Feira Atriz de 'Paraíso Tropical' é atração.

Ela está em exposição na feira? O comprador poderá escolher um nome a ela?

Aí a hora que a gente lê a notícia, descobre que ela tem um nome. É Ildi Silva e estava em uma feira de produtos para beleza expondo sua beleza preparada por um cabeleireiro. Ah sim... E daí?

Custava muito colocar o nome da moça? Será que ela se resume a ser uma das atrizes de uma das novelas de uma das emissoras de televisão de um dos países do planeta Terra?

Para piorar, já que o papel dela é de secretária e para o redator era preciso trazer algo mais "importante" sobre moça, o texto fecha assim "A atriz baiana foi recentemente ligada a Caetano Veloso, mas o casal nega o possível romance"...

Manchetes como essa estão ficando cada vez mais frequentes. Quer mais exemplos?

Agora tenho mais uma informação de algo grau de relevância: todos os meses a Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) da TV Globo recebe aproximadamente 150 mil ligações de pessoas interessadas em saber a marca da camisa usada pelo ator X ou onde é possível encontrar a pulseira da atriz Y usada na novela e coisas do gênero, como a cor da tintura do cabelo, marca do vestido, etc...

CENTO E CINQUENTA MIL LIGAÇÕES... 150.000 !!!!!!!!!!!

Esse dado foi divulgado durante uma palestra sobre tv digital realizada terça (4), aqui em Bauru. Uma das funções pensadas pela emissora é disponibilizar essas informações ao telespectador durante a transmissão dos programas...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Banco do Brasil poderá comprar BRB

Depois do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), agora é a vez do Banco de Brasília (BRB) entrar para a lista de aquisições do Banco do Brasil.

O BB divulgou Fato Relevante informando que a aquisição do controle acionário do BRB está em fase de estudos.


BB negocia a compra do Banco de Brasília
Como o BB tem restrições legais para comprar bancos privados, os estatais são uma alternativa de expansão



Foto: Roosewelt Pinheiro/ABrFalando nos bancos, lembrei de uma história que envolveu os dois em junho. A Polícia Federal, através da Operação Aquarela, prendeu várias pessoas acusadas de desviarem recursos do Banco de Brasília durante o mandato de Joaquim Roriz.

Uma das acusações contra Roriz era o fato de um cheque do Banco do Brasil ter sido descontado no BRB. A transação, cujo valor ultrapassava R$ 2 milhões, só foi comunicada ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) dias depois de ter sido realizada. Além disso, o dinheiro seria repartido entre o então governador Joaquim Roriz e Tarcísio Franklin de Moura, presidente do BRB.

Por conta das denúncias, Roriz renunciou ao mandato de senador pelo Distrito Federal. Alguém sabe como terminou a história?

Roriz renunciou, mas ... E daí?

Ratinhooooo

Silvio Santos e Ratinho, quer dizer, o apresentador Carlos Massa, serão sócios. Os dois estão negociando a compra de emissoras de tv no Paraná. As emissoras fazem parte do Grupo Paulo Pimentel e são afiliadas do SBT naquele Estado.

As informações são do Comunique-se.

domingo, 2 de setembro de 2007

Caminhos de um e-mail

Milhões de e-mails circulam a cada segundo pelo mundo todo. Você já parou para pensar como uma mensagem sai do seu computador e chega até ao seu amigo?

O pessoal do Google resolveu pedir para os usuários do G-mail fazerem um vídeo de como eles imaginam que um e-mail percorre o mundo. Foram mais de mil vídeos. Eles foram selecionados e o resultado você assiste logo abaixo:



Todos os vídeos enviados ao Google estão disponíveis no Youtube. Ao olhar o mapa com a localização de quem participou, é interessante notar que 2 vídeos vieram do continente africano (1 do Egito e outro da África do Sul) e um único usuário enviou um vídeo do Japão e outro solitário da Coréia do Sul.

Fotos de Aimorés

Essas são algumas das fotos tiradas durante o trabalho de pesquisa sobre o Instituto Lauro de Souza Lima. Aproveitei para testar alguns programas de edição, já que eu não tenho muita prática (percebe-se pelos efeitos básicos que utilizei :-)

Reuni as fotos da área formada pela vila. O número de casas e pavilhões na década de 1940 era maior. Com a desativação do sanatório, da transição para hospital e instituto, já não era necessário tantos quartos. A internação deixava de ser compulsória. As fotos foram feitas entre julho e agosto de 2007.

Processo semelhante ocorreu em outros sanatórios. O Global Project on the History of Leprosy mantém um banco de dados sobre diversas instituições, sendo possível acessar dados e fotos das antigas colônias do mundo todo.