terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Rio, meu amor!

Finalmente chegamos na cidade maravilhosa. Maravilhosa onde? Barracos e mais barracos, prédios abandonados, ruas esburacadas e um trânsito caótico. Aquele amontoado de casas impressiona, mesmo sendo uma imagem tão comum no noticiário da tv.

"Onde está a cidade?", pergunta um amigo de Jaú. A cidade é essa que você vê, isso tudo faz parte dela e é um dos motivos que faz o Rio uma cidade tão peculiar. Se numa região o cenário é esse, em outra como em Jacarepaguá a cena é bem diferente...

Estamos na Avenida Brasil. Apesar do trânsito intenso, percebo que a pista do lado contrário está vazia. Logo adiante entendo o motivo: bloqueio policial. Uma fila imensa de carros aguarda a liberação da pista. Não era nenhum tiroteio, como alguns imaginavam que fosse acontecer. Parece que era transporte de presos.

O ônibus sobe viadutos, continua seguindo em frente e de repente percebo alguns guindastes. Um pouco mais a frente um grande painel faz propaganda do Governo Federal sobre exportação. Estávamos no Porto do Rio, de onde dá para ver a ponte Rio-Niterói bem ao fundo. Porque estamos no porto?

Viadutos, acessos, avenidas, buzinas, carros... e mais carros... para onde estamos indo? O Projac fica nessa direção? Vejo um relógio no topo de uma torre. É a Central do Brasil. O ônibus pára em um posto de gasolina, esse não era sinistro. O motorista não sabe chegar até o Projac...

Em pouco tempo nossa dupla de motoristas foi apelidada de Tico e Teco... acho que não preciso explicar o motivo, preciso?

Ligações furiosas para a empresa de turismo, ansiedade, informações desencontradas. Meia hora esperando uma solução. Avisto um ônibus circular com a placa PROJAC. Vamos seguir o ônibus! Não foi uma boa idéia...

De repente a professora chega com a salvação: um taxista propôs fazer a corrida até Jacarepaguá por R$ 53,00. Tínhamos alguma outra alternativa? Não...

O Santana amarelo foi nosso guia. E a paisagem na janela do ônibus era familiar: viadutos, a ponte, o porto... estávamos fazendo o caminho de volta...

Rodamos... rodamos... e eis que surge o Estádio Olímpico para o Pan 2007. O calor estava insuportável, nem parecia existir ar-condicionado. Prédios, morros, barracos e pedágio. A fila era longa e eu nunca tinha visto um pedágio dentro da área urbana como aquele. Eram tantos carros, que as funcionárias faziam a cobrança ao longo da fila para que ninguém ficasse parado na cabine de cobrança.

Continuamos seguindo o táxi e o cenário começava a mudar. Os morros estão mais distantes da avenida, muitos terrenos vazios e praticamente nenhum barraco. Um conjunto de prédios coloridos é a Vila do Pan. Estávamos em Jacarepaguá!

Bom, agora só falta encontrar o Projac. Onde fica? Ninguém sabe informar e não há placas indicando o caminho. Damos duas voltas na Avenida Ayrton Senna até que a Angélica, uma das alunas que estava com a professora no táxi reconhece o motorista de uma caminhote parada no semáforo.

"Ei, onde fica o Projac??". O motorista abaixou o vidro e indicou o caminho. Angélica não deixou de aproveitar o momento para tirar fotos do nosso guia famoso. Quem era? O ator Ângelo Antonio, o pai dos dois filhos de Francisco...

Seguindo o caminho indicado pelo ator finalmente avistamos os prédios do Projac. Ainda teríamos uma longa avenida para seguir até chegar na portaria.

Duas horas da tarde. Chegamos! A portaria já estava avisada sobre a nossa chegada e a relações públicas nos aguardava no carrinho. O taxista se despede com o dia de trabalho garantido. Acredito que se ele tivesse ligado o taxímetro, a conta seria bem maior.

Saímos do Projac por volta das quatro da tarde. Voltar para casa? Não! Começa a discussão do roteiro a ser seguido. Praia? Cristo? Shopping? Depois de muita conversa e alguns "bicos" contrariados fica decidido irmos para Copacabana.

O tour rodoviário feito no centro da cidade agora é pelo bairro emergente da Barra da Tijuca, o bairro dos novos ricos. Passamos por vários shoppings centers, inclusive por um famoso por ter uma réplica da Estátua da Liberdade na fachada. A Barra não é glamurosa como Ipanema, Leblon ou Copacabana. Praticamente não há morros ocupados por favelas.

Passamos por túneis e alguém me pergunta se foi naquele que teve um tiroteio outro dia. São milhares de túneis, não sei se foi em algum desses. Avistamos o Vidigal, passamos por Leblon (não vi Helena passeando com Clarinha), Ipanema e Copacabana.

Uma parte do grupo decidiu ir para a praia e o restante decidiu ir para o Forte de Copacabana. O Forte é uma construção militar que fica no final da Avenida Atlântica, foi construído em 1908 e atualmente abriga o Museu Histórico do Exército e uma loja da Confeitaria Colombo. A Confeitaria criada em 1894 é ponto de referência histórico na cidade. Optei por seguir o grupo que foi para o Forte.

Sentamos nas cadeiras ao ar livre e a vista da praia daquele ponto é privilegiada. Enquanto a água do mar bate nas pedras, é possível contemplar toda a praia, avistar o tradicional Copacabana Palace, o Pão de Açúcar e seus bondinhos e a imensidão do Atlântico. Nesse momento entendi onde estava a "maravilhosa" cidade.

Hora de ir embora para a Lagoa Rodrigo de Freitas. O céu está claro, e as luzes da árvore de natal da Lagoa estavam apagadas. Enquanto as pessoas caminhavam ou pedalavam ao redor da lagoa, nós tirávamos fotos. A noite foi chegando e pudemos admirar a beleza da árvore iluminada e tirar mais fotos, claro.

Saímos da Lagoa por volta das nove da noite. O vento forte trazia chuva e ela caiu sem piedade. Ficamos três horas tentando sair da cidade. A chuva caiu e parou e ainda estávamos parados. Os táxis ficaram estacionados na avenida e quem estava nos circulares desceu e seguiu o caminho a pé.

O Rio foi ficando para trás, ainda enfrentaríamos trânsito lento na Via Dutra por causa de um acidente e obras na saída de São Paulo. Chegamos em Bauru por volta das duas e meia da tarde, exaustos e quadrados de tanto ficar sentado.

Teve gente que achou que veria tiros ou seria assaltado. Voltou fazendo juras. Rio, meu amor!

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